Pinto Matamba: “ O empreendedorismo está na alma dos jovens africanos”

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Na visão de Pinto Matamba, a solução para os problemas da falta de emprego em África passa, necessariamente, pelo engajamento dos jovens nos programas de financiamento do sector agro-industriais e turísticos. Mas, para que isso aconteça, defende, é preciso estimulá-los com políticas de incentivo ao investimento em sectores chaves, como a agricultura.

Pinto Matamba, diferente de muitos empresários, sempre acreditou que os jovens africanos são, por natureza, empreendedores. Por isso, nas suas abordagens tem incentivado os mais novos, partilhando suas experiências de sucesso no mundo do empreendedorismo.

Em conversa com o ZN, o fundador do Grupo Kiyamata, ligado ao ramo imobiliário, arquitectura e gestão de projectos, apontou algumas soluções para o sucesso do empreendedorismo no Continente, particularmente em Angola. Acompanhe!

Por que acredita que o empreendedorismo está na alma dos jovens africanos?

Acredito cada vez mais que o empreendedorismo está na alma dos jovens africanos. Precisamos estimular diariamente esta capacidade, que existe dentro de nós para, de forma resiliente, continuarmos firmes, vencendo os obstáculos do tempo.

A responsabilidade pela transformação dos recursos naturais, ricas heranças que Deus colocou abundante na natureza dos nossos países estão a exigir dos jovens africanos muita imaginação e criatividade. É possível respondermos a esses desafios com foco, estudo, patriotismo, ética e trabalho.

Gostaria de partilhar um pouco sobre a sua experiência

No meu caso, por exemplo, tive de aprender uma profissão  desde os meus 10 anos de idade. Talvez por crescer numa comunidade de cidadãos que tiveram de se reinventar e criar sua própria fonte de subsistência. Convive por acaso com muitos adultos, jovens e adolescentes com dedicação em pequenas actividades lucrativas, como oficinas de rádio técnica, mecânica, carpintaria, serralharia, sapataria… tabacaria, cantinas, centro explicação, etc. O Estado não é o único empregador, a maior parte da população é jovem e sobrevivem graças às pequenas iniciativas.

Os nossos maiores exemplos são os nossos pais, avós. Quando jovem, dedicaram-se a profissões, arte e ofícios. Actividades como pedreira, carpintaria, serralharia, estuque, pintura, agricultura e pescas, por exemplo, sempre engajaram os jovens. Por isso, afirmo que o empreendedorismo está na alma dos jovens.

Qual a sua opinião sobre as políticas dos países da SADC, particularmente Angola, no que diz respeito ao incentivo dos jovens investirem em sectores como a  agricultura e turismo?

Acredito que estamos a avançar cada vez mais neste capítulo. Os países africanos gastam anualmente 45 mil milhões de dólares em importações agrícolas, quando o continente tem 60% de terra arável para produzir para África e para o mundo. A solução para produzir mais alimentos saudáveis e melhorar a vida dos povos de África, passa necessariamente pelo engajamento dos jovens nos programas de financiamento do sector agro-industriais e turísticos.

Os países da África Austral, de um modo geral, começam a perceber esta necessidade. Aliás, os noticiários apontam várias linhas de apoio. A teoria e a prática precisam casar, além de ser necessário aumentar o acesso a informação, desburocratizar o processo e colocar no plano curricular cadeiras sobre empreendedorismo, finanças, agricultura e industria, a partir mesmo do ensino geral.

De um modo geral, acredito cada vez mais na África. Estamos a fazer um bom caminho, a juventude precisa negar os convites de adesão aos conflitos.

Falou da necessidade de sermos resilientes nesse processo. O que falta para uma maior resiliência dos jovens empreendedores angolanos?

Fontes de inspiração reais. Incentivo, formação, acesso ao crédito e a terra aráveis, capacidade para lidar com o mercado face à inexperiência e coragem para levantar depois da queda.

E como é que o Executivo pode olhá-los como “parceiros estratégicos”?

Penso já ter respondido a esta questão. Mas, numa só palavra « já faltou mais »… O Executivo angolano está firmemente empenhado em apoiar os jovens empreendedores e colocá-los no centro do crescimento económico. Aliás, a recente nomeação de um ministro jovem, com menos de 40 anos, para o sector do Turismo e a firme orientação pública do Presidente da República de Angola para uma maior aposta no turismo, visando o aumento da empregabilidade juvenil, é prova bastante do compromisso do chefe do Estado e do seu Executivo. A juventude precisa apenas estudar, trabalhar e acreditar.

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